ESTRÉIA HOJE: "Os Desafinados"

Dirigido pelo veterano Walter Lima Júnior ("Menino de Engenho", "A Ostra e o Vento"), "Os Desafinados" combina em seu elenco atores e músicos para contar a história de uma banda fictícia nos idos da bossa nova.

O filme, com roteiro assinado pelo cineasta e por Susana Macedo, estréia nesta sexta-feira no país e traz Rodrigo Santoro, Selton Mello, Claudia Abreu, Alessandra Negrini e os músicos Jair Oliveira e André Moraes.

Na condução da narrativa há um diálogo entre passado e presente. Nos dias atuais, a morte da cantora brasileira Gloria Baker (Claudia) na Itália serve como pretexto para a reunião de um grupo de amigos, que vão realizar um documentário para a televisão sobre uma banda chamada Os Desafinados.

Dico (Arthur Kohl) é o cineasta que organiza a reunião dos colegas Davi (Genésio de Barros), PC (Antonio Pedro) e Geraldo (Bené Silva). Enquanto preparam o filme e gravam seus depoimentos, o trio de músicos vai reconstruindo a história da banda e a relação deles com a cantora.

A trupe também contava com Joaquin (Santoro), que numa viagem a Nova York -- onde Os Desafinados sonhavam se apresentar -- ele conheceu a brasileira Gloria tocando flauta num parque. Foi amor à primeira vista, e ela logo alojou os outros membros da banda, que estavam também na cidade.

À medida que Joaquin se envolve com a moça, começa a se armar um conflito em seu coração. Ele é casado com Luiza (Alessandra), que deixou grávida no Brasil.

O sonho de vencer no exterior se torna cada vez menos provável para o grupo -- embora tenham vendido os direitos de uma música. A volta se torna inevitável, pois Gloria não pretende ficar com um homem casado e a imigração deporta Geraldo e Davi (Oliveira e Paes Leme, nos flashbacks).

No Brasil, os tempos também começam a ficar sombrios, com o golpe militar. Dico (Mello) dirige um filme -- mas tem sérios problemas com a censura por sua temática social.

Aos poucos, "Os Desafinados" mostra um retrato nostálgico e melancólico de uma geração. Comparando o passado e o presente dos amigos, o diretor explora o fim dos sonhos, que sempre ficaram em segundo plano.

Diversos episódios reais serviram de inspiração ao diretor e à co-roteirista, como a repressão a um show de protesto no final da década de 1960, numa faculdade no Rio de Janeiro, e o desaparecimento de um músico brasileiro na Argentina, que saiu para comprar cigarros e nunca mais foi encontrado.

Com direção musical de Wagner Tiso -- que já havia trabalhado com o diretor em filmes como "Inocência" e "A Ostra e o Vento" --, "Os Desafinados" conta também com a participação dos atores na trilha.

Santoro inclusive aprendeu a tocar piano para compor seu personagem. Já Oliveira, Moraes e Paes Leme cogitam montar uma banda e fazer apresentações pelo país.

Em 2008, "Os Desafinados" participou de diversos festivais e recebeu prêmios. No Cine Ceará, levou prêmio de trilha e um troféu especial do júri. Em Paulínia, ganhou melhor atriz (Claudia Abreu) e ator coadjuvante (Paes Leme). No Festival de Guadalajara, no México, recebeu o troféu de melhor fotografia, assinada por Pedro Farkas ("Não Por Acaso").


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